sábado, dezembro 06, 2008

Vida

   É estranho como às vezes as coisas mais irreais parecem as mais reais.
   A vida tem a habilidade de transformar as coisas dessa maneira. O que parece certo transforma-se em uma catástrofe. O que é definitivo, passa a ser duvidoso. Os conceitos se misturam de tal forma que é impossível discernir uma coisa de outra.
   O que cura, às vezes adoece. Felicidade mescla-se à tristeza. E o amor... bom, esse é uma história completamente diferente.
   Passamos a vida inteira traçando metas, definindo prioridades e concebendo pré-julgamentos. Para depois percebermos que foi tudo em vão.
   E as coisas mais reais transformam-se apenas em... saudade.

sexta-feira, novembro 14, 2008

História da Eloísa

   Eloísa era uma garota de 15 anos. Bonita, simpática e cheia de sonhos, como uma típica adolescente normal. Aos 12 anos conheceu um rapaz de 19, Kindermann, aparentemente normal, com quem iniciou um relacionamento. O rapaz era conhecido pelo apelido "Sujo". A família, por incrível que pareça, aprovou o namoro de uma menina de 12 com um rapaz de 19 como se fosse uma coisa normal.

   Três anos mais tarde, o relacionamento terminou mal, após vários términos e reconciliações. Sujo mostrou-se um rapaz altamente problemático ao longo de todo o tempo, como inúmeros amigos e colegas do casal, bem como outros moradores do bairro, podiam afirmar. Após mais uma separação, que ocorreu por conta de uma agressão de Sujo contra Eloísa, a mãe quis dar queixa na polícia. No entanto, o pai de Eloísa, um criminoso foragido da polícia há anos, não quis, por motivos óbvios.

   Sujo então sequestrou Eloísa, por não aceitar a separação. Após 100 horas de sequestro, e tentativas mal-sucedidas de negociação, Sujo acabou por expor-se em frente a uma janela do apartamento. Um dos franco-atiradores da polícia, muito bem preparada, não hesitou e eliminou o bandido com um tiro certeiro na cabeça.

   Eloísa foi salva e saiu ilesa de seu cativeiro. Após o incidente, o comandante da operação foi rodeado de moradores, jornalistas e ativistas. As pessoas indagavam:

   -- Comandante, por que a polícia foi tão precipitada? Não daria para tirar o Sujo vivo?

   -- Vejam bem, a ordem que dei à minha equipe foi: "Tirem a Eloísa de lá ilesa". E eles conseguiram. Vocês não estão felizes? Ela poderia estar morta, mas está sã e salva e seus pais estão muito contentes de ter sua filha de volta.

   -- Mas e os pais do Sujo?

   -- Os pais do sequestrador e potencial assassino? Bom, acho que vão ter que se conformar com o fato do filho deles ter se tornado um sequestrador e potencial assassino. Infelizmente a vida é dura mesmo. Principalmente para os bandidos, que optaram por essa vida. As pessoas de bem, que não infringem as leis, normalmente tem uma vida melhor. A Eloísa era de bem e não infringiu nenhuma lei. E infelizmente, ainda teve que passar por tudo isso. Mas nós a salvamos. É o nosso dever. Proteger os cidadãos de bem.

   -- Mas Comandante, o senhor não está sendo desumano?

   -- Veja bem, amigo. O senhor tem filhos?

   -- Tenho sim. Um garoto de 6 anos. O Elói.

   -- Hmm, Elói? Me parece familiar. Então, digamos que um dia, e Deus queira que isso nunca venha a acontecer, o Elói seja sequestrado. Você chamaria a polícia, não?

   -- Claro, senhor.

   -- Então, qual seria o seu pedido à polícia?

   -- Que prendessem...

   -- Amigo, apenas um pedido à polícia, por favor. Pode ser "Não deixem o bandido morrer", ou "tirem o Elói de lá vivo".

   -- Tirem meu filho de lá vivo, por favor.

   -- Então, e nós faríamos isso. Se você pedisse "não deixem o bandido morrer", nós garantiríamos isso para o senhor. Já o Elói...

   A multidão começou a se dispersar e do outro lado da rua podia-se ver os pais de Eloísa felizes, abraçando a Eloísa e agradecidos pela polícia ter feito seu trabalho e conseguido proteger sua filha inocente das garras de um criminoso.

quarta-feira, junho 25, 2008

Fiscalização na Internet

   Uma fundação chamada Card Foundation, propõe a criação de uma espécie de RG digital, uma identificação eletrônica com certificação e protegida de fraudes que possa identificar os usuários online. Segundo eles, caso se concretize, "o ID digital poderá facilitar a vida dos usuários, evitando que eles precisem decorar uma série de senhas".
   Sim, sim. Tudo muito bom. Mas a verdadeira razão para quererem fazer isso é poder identificar cada usuário de forma a terminar com o anonimato na Internet, que foi justamente o que a tornou tão popular e eficiente. Ok, Duende. O tal anonimato pode trazer (e trás) problemas, como o fluxo de SPAM, esquemas de phishing, etc, etc. Mas existem outras formas de se combater esse tipo de coisa. A Internet não é um mundo convencional. E nem deve ser. Tem suas próprias regras, leis e convenções.  Não estou dizendo que deve ser um caos sem regras. Mas não deve ser tratado pelas mesmas convenções do mundo "tradicional". E quem não está satisfeito com isso, pode simplesmente ficar fora dela. Ela é pública, aberta e (espera-se) democrática.
   A iniciativa já conta com nomões da área, como Google, Microsoft, Novell, Oracle e PayPal, que óbviamente têm seus motivos (financeiros) para querer apoiar a idéia. Mas não se preocupem. Isso não vai passar. A comunidade "Internáutica", ao contrário do povo brasileiro, é extremamente ativa quando se trata de manifestações e protestos. Talvez o anonimato tenha algo a ver com isso...
   De qualquer forma, medidas autoritárias deveriam ser sempre banidas. Olhem para a China para entender o que a censura e o autoritarismo podem fazer com o uso da tecnologia.
Sou velho de mais para censurar, mas suficientemente jovem para agir
-- Johann Goethe

   

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Brasil, rumo a Cuba!

   Olá, caro leitores. Mais uma vez fiquei ausente do blog. Dessa vez por um pequeno problema de saúde. Mas não se preocupem. Só pararei definitivamente e escrever quando a censura mandar me prender.
   Como é o tema deste post: A Justiça proibiu a colocação de outdoors atacando os deputados estaduais que votaram contra a prorrogação da CPI dos Pedágios. Foi determinada a retirada de vinte painéis colocados no dia primeiro de fevereiro nas cidades de Caxias do Sul, Farroupilha e na grande Porto Alegre.
   É impressionante, enquanto os nossos "dignos" representantes tem carta branca para poder dizer publicamente qualquer bandalheira que lhes vem a mente (por exemplo, o famoso "Relaxa e Goza" da nossa ministra -- aí não tem censura), quando nós decidimos acusar alguém das coisas que nos atingem, eles autoritariamente nos proíbem sem qualquer cerimônia.
    É isso aí. E viva a democracia. Muito em breve estaremos lado a lado com os países "irmãos" como Cuba, China e porque não, Irã??