Eloísa era uma garota de 15 anos. Bonita, simpática e cheia de sonhos, como uma típica adolescente normal. Aos 12 anos conheceu um rapaz de 19, Kindermann, aparentemente normal, com quem iniciou um relacionamento. O rapaz era conhecido pelo apelido "Sujo". A família, por incrível que pareça, aprovou o namoro de uma menina de 12 com um rapaz de 19 como se fosse uma coisa normal.
Três anos mais tarde, o relacionamento terminou mal, após vários términos e reconciliações. Sujo mostrou-se um rapaz altamente problemático ao longo de todo o tempo, como inúmeros amigos e colegas do casal, bem como outros moradores do bairro, podiam afirmar. Após mais uma separação, que ocorreu por conta de uma agressão de Sujo contra Eloísa, a mãe quis dar queixa na polícia. No entanto, o pai de Eloísa, um criminoso foragido da polícia há anos, não quis, por motivos óbvios.
Sujo então sequestrou Eloísa, por não aceitar a separação. Após 100 horas de sequestro, e tentativas mal-sucedidas de negociação, Sujo acabou por expor-se em frente a uma janela do apartamento. Um dos franco-atiradores da polícia, muito bem preparada, não hesitou e eliminou o bandido com um tiro certeiro na cabeça.
Eloísa foi salva e saiu ilesa de seu cativeiro. Após o incidente, o comandante da operação foi rodeado de moradores, jornalistas e ativistas. As pessoas indagavam:
-- Comandante, por que a polícia foi tão precipitada? Não daria para tirar o Sujo vivo?
-- Vejam bem, a ordem que dei à minha equipe foi: "Tirem a Eloísa de lá ilesa". E eles conseguiram. Vocês não estão felizes? Ela poderia estar morta, mas está sã e salva e seus pais estão muito contentes de ter sua filha de volta.
-- Mas e os pais do Sujo?
-- Os pais do sequestrador e potencial assassino? Bom, acho que vão ter que se conformar com o fato do filho deles ter se tornado um sequestrador e potencial assassino. Infelizmente a vida é dura mesmo. Principalmente para os bandidos, que optaram por essa vida. As pessoas de bem, que não infringem as leis, normalmente tem uma vida melhor. A Eloísa era de bem e não infringiu nenhuma lei. E infelizmente, ainda teve que passar por tudo isso. Mas nós a salvamos. É o nosso dever. Proteger os cidadãos de bem.
-- Mas Comandante, o senhor não está sendo desumano?
-- Veja bem, amigo. O senhor tem filhos?
-- Tenho sim. Um garoto de 6 anos. O Elói.
-- Hmm, Elói? Me parece familiar. Então, digamos que um dia, e Deus queira que isso nunca venha a acontecer, o Elói seja sequestrado. Você chamaria a polícia, não?
-- Claro, senhor.
-- Então, qual seria o seu pedido à polícia?
-- Que prendessem...
-- Amigo, apenas um pedido à polícia, por favor. Pode ser "Não deixem o bandido morrer", ou "tirem o Elói de lá vivo".
-- Tirem meu filho de lá vivo, por favor.
-- Então, e nós faríamos isso. Se você pedisse "não deixem o bandido morrer", nós garantiríamos isso para o senhor. Já o Elói...
A multidão começou a se dispersar e do outro lado da rua podia-se ver os pais de Eloísa felizes, abraçando a Eloísa e agradecidos pela polícia ter feito seu trabalho e conseguido proteger sua filha inocente das garras de um criminoso.